A escola é o ambiente em que passamos boa parte da infância e adolescência e, por essa razão, o esperado é que, além de permitir a aprendizagem de conteúdos que contribuam ao desenvolvimento acadêmico, também possa ser o espaço em que sejam cultivadas habilidades socioemocionais tão necessárias para uma convivência saudável entre as pessoas.
Por ser um espaço de convivência, é natural que surjam situações de discordância, brigas e discussões. Daí a importância de promover campanhas de conscientização para prevenção e combate ao bullying, para que situações de conflito sejam resolvidas de forma respeitosa, garantindo, dessa forma, um ambiente seguro de expressão e escuta não-violenta.
O bullying já é reconhecido como um problema que afeta crianças e adolescentes no mundo todo, trazendo prejuízos graves em termos de aprendizagem e autoestima e chegando a níveis psíquicos irreversíveis. A escola não deve ser a única responsável na prevenção do bullying. Pais, demais responsáveis e toda a sociedade podem e devem contribuir para esse tipo de situação alarmante. Acompanhe o post e saiba mais!
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Mas afinal, o que é Bullying?
O bullying é caracterizado pela reincidência de agressões físicas e/ou verbais tanto em ambientes físicos quanto virtuais, podendo gerar danos sociais e psicológicos irreversíveis, que afetam o desenvolvimento acadêmico e socioemocional dos indivíduos. É importante saber que não somente a pessoa que sofre a agressão é prejudicada. Quem agride e quem assiste também saem perdendo.
Podemos afirmar isso, porque um ambiente em que o bullying passa a ser assimilado como algo natural e recorrente, a ponto de não haver intervenção incisiva, representa um lugar não seguro de convivência, no qual parte da aprendizagem é perpetuar situações de violência, intolerância e impunidade, algo que cedo ou tarde vai manifestar-se em outros ambientes de sociabilidade.
Atente-se também ao cyberbullying
Já antecipamos que esse tipo de violência não é exclusivo dos espaços físicos. Quando ocorre em ambientes virtuais, é chamado de cyberbullying. No Brasil, um em cada três jovens afirma ter sido vítima de violência em ambiente virtual, segundo pesquisa apresentada na página das Nações Unidas. Devido ao cyberbulling e à violência, muitos alunos acabam deixando a escola.
Sabemos que a educação é um direito constitucional, conforme consta no art. 205 da Constituição Federal: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Neste sentido, atuar na prevenção do bullying torna-se mais que um dever, é uma atuação cidadã.
Bullying em números
Pesquisa levantada pelo programa de educação socioemocional do Laboratório Inteligência de Vida (LIV) aponta que no Brasil:
- o percentual de alunos que afirmaram sofrer bullying algumas vezes por mês é de 18%;
- os que já praticaram algum tipo de bullying é de 21%;
- dos que já sofreram agressão, 42% nunca procuraram ajuda para falar sobre o tema;
- 43% das crianças e adolescentes já sofreram algum tipo de bullying; e
- 70% dos jovens já presenciaram algum tipo de agressão na escola.
Como podemos notar, os resultados por si só demonstram a importância de atuar na prevenção do bullying, visando combater o problema.
Desenvolvimento de habilidades socioemocionais como meio de prevenção do bullying
Previamente vimos sobre a importância da conscientização em relação ao bullying. Agora é hora de saber como atuar de forma preventiva neste tipo de situação. Por meio do desenvolvimento de habilidades socioemocionais e respaldos legais, é possível minimizar consideravelmente a prática de bullying nas escolas e consequentemente os impactos negativos gerados.
Instrumentos legais
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma ferramenta legal que pode ser usada como instrumento de conscientização. Quanto à proteção das crianças e adolescentes, vemos no Estatuto apontamentos sobre a responsabilidade da família, da sociedade e do Poder Público.
Segundo os autores do artigo O uso do ECA no combate ao bullying, “O Estatuto da Criança e do Adolescente propicia balizas adequadas para o combate ao bullying, de forma que será possível mitigar a repercussão negativa desse comportamento entre os adultos. Crianças e adolescentes ensinadas a respeitar o próximo, independentemente de suas preferências, têm grandes chances de tornarem-se adultos que não se envolverão com violência doméstica, crimes contra idosos, homofobia, violação de direitos dos portadores de deficiência, racismo, etc.”.
Outra medida legal de prevenção ao bullying é a instituição do Dia Nacional de Combate ao Bullying, aprovado pela Lei 13.277 de 2016, que determinou o dia de 7 de abril como data para a celebração.
Desenvolvimento de habilidades socioemocionais
A escola, como principal representante do Poder Público e lugar de maior incidência das situações de bullying entre as crianças e adolescentes, tem o potencial de ser a ponte de apoio na rede de prevenção do bullying, por meio de campanhas de conscientização para pais, demais responsáveis, equipe escolar e estudantes.
O desenvolvimento de habilidades socioemocionais, por exemplo, pode ser dado através de:
- rodas de conversa que tenham como elemento disparador notícias, filmes, imagens e comentários das redes sociais;
- programas de combate ao bullying elaborado de forma colaborativa entre estudantes, família, professores, coordenação e direção;
- atividades de sensibilização para identificar quando a pessoa está sendo vítima de bullying;
- exemplo de relatos de situações socioafetivas que tenham acontecido no ambiente escolar e que tenham trazido sensação de acolhimento entre as pessoas envolvidas. Por exemplo, elogios entre professores e estudantes, coordenação e professores, etc;
- estratégias para garantir que crianças e adolescentes possam pedir ajuda no caso de serem vítimas de bullying;
- promoção de conscientização sobre os instrumentos legais citados anteriormente, por meio de diálogos, cartazes, jornal/informativo escolar, etc.
Para enfrentar o problema em ambiente escolar, é preciso ter medida para os 3 atores
Quem agride
A pessoa que agride também precisa de ajuda, uma vez que são apontadas por especialistas algumas características que a levam a adotar esse tipo de comportamento: problemas de relacionamento familiar, algumas vezes sendo o próprio agressor vítima de agressão parental verbal ou física, necessidade de aparentar autoconfiança e superioridade em relação aos demais, são algumas delas.
Quem sofre a agressão
Pessoas consideradas “diferentes” por traços físicos de saúde ou não, bem como por suas personalidades, tendem a passar por esse tipo de violência. Assim como quem agride, quem sofre a agressão também apresenta algumas características apontadas por profissionais da psicologia: baixa autoestima, baixo rendimento escolar, timidez excessiva e recusa a ir à escola, são algumas delas.
Quem assiste também deve interferir
Quem assiste também assimila algumas funções: a de espectador, de influenciador/incentivador ou que venha a intervir na situação, oferecendo ajuda para a vítima, impedindo ou interrompendo a prática.
Ao ter em conta as ações citadas como meios de prevenção, é possível trazer à consciência a importância da ação conjunta de todas pessoas envolvidas diretamente, pois é um engano achar que atuar como um mero espectador isenta a pessoa de estar contribuindo para a ação. Como dito inicialmente, todas as pessoas saem perdendo em um ambiente inseguro de convivência.
Em casos de bullying, ações de acolhimento são fundamentais!
Ao serem verificados casos de bullying, é necessário buscar ajuda. Em algumas circunstâncias, o acompanhamento psicológico especializado é fundamental para minimizar os impactos emocionais e psíquicos dos indivíduos. Relembramos que a ajuda deve ser prestada tanto a quem sofre bullying quanto a quem agride.
O acolhimento deve ser oferecido no espaço escolar e no ambiente familiar. Quando há um alinhamento coletivo da importância da prevenção do bullying, o acolhimento pode acontecer a tempo de evitar danos maiores, favorecendo todas as pessoas envolvidas.
Conclusão
Se desejamos contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade com relações colaborativas, onde os conflitos possam ser resolvidos de forma não-violenta, é salutar atuar coletivamente na prevenção do bullying. É como diz um provérbio africano: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.”.
E você, o que acha sobre este importante tema?
Nos vemos no próximo post!
Ensino Fundamental 2 – do 6º ao 9º ano
O Ensino Fundamental II marca uma nova e importante etapa na vida acadêmica dos alunos. As mudanças que ocorrem neste momento são evidenciadas pelos seguintes aspectos:
- Aumento da demanda de estudo em casa;
- Aumento das responsabilidades;
- Necessidade de desenvolver mais autonomia;
- Número maior de professores e conteúdos;
- Transição da infância para a pré-adolescência.
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