Outubro Rosa – prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama

Outubro Rosa é uma campanha de conscientização com objetivo de alertar as mulheres sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha teve início em 2011 e todos os anos a temática é reforçada em prol da prevenção da doença.

A causa é nobre e o Colégio Geração apoia, com objetivo de conscientizar mães e funcionárias da Instituição. Diante da importância do tema, conversamos com a Dra. Tamise da Silva Baptista, oncologista, para preparar um artigo com intuito de ajudar no esclarecimento da doença, como fazer o diagnóstico e formas de tratamento. Continue lendo e conheça mais sobre o câncer de mama.

O que é o câncer de mama?

O câncer de mama é um tumor maligno que se desenvolve na mama. Ele é causado por consequência de alterações genéticas em algum conjunto de células da mama, como em células dos lobos, células produtoras de leite, ou dos ductos, por onde é drenado o leite, que começam então a se dividir descontroladamente.

Esse é o tipo de câncer que mais acomete mulheres, mas isso não quer dizer que homens também não sofram, muito pelo contrário. Apesar de a proporção de mulheres atingidas por esse tipo de câncer, os homens também correm o risco de ter a doença.

Tipos de câncer de mama

O câncer de mama possui vários tipos, tais como:

Tipos mais comuns de câncer de mama

• Carcinoma in situ: ocorre na fase inicial e possui uma película retentora, responsável por segurar as células cancerígenas.
 
• Carcinoma invasivo: Tem início nos ductos ou lóbulos mamários e pode invadir os tecidos próximos a eles. Pode ainda, conforme a agressividade do tumor, se espalhar para outros tecidos e órgãos próximos por meio do sangue e sistema linfático. Esse é o tipo mais comum de câncer.

Tipos mais raros de câncer de mama

• Inflamatório: Um dos tipos mais raros de câncer de mama. Nele, as células causam o bloqueio dos nódulos linfáticos, fazendo que a drenagem nas mamas não ocorra corretamente. Ao criar um tumor, apresentará mama inchada, avermelhada e sensação de queimação. Em mamas cancerosas, pode aparecer ainda caroços grossos;
• Doença de Paget: Tipo raro de câncer, ele inicia nos ductos do seio e conforme cresce, afeta a pele e a aréola do mamilo ou as células tumorais se desenvolvem já na porção terminal dos ductos, na junção da epiderme. Ele é caracterizado por alterações na pele do mamilo (crostas e inflamações), mas também pode ser assintomático. A doença de Paget pode surgir ao mesmo tempo que outros tipos de câncer, como carcinoma ductal in situ e o carcinoma invasivo;
• Tumor filoide: Tipo extremamente raro. Ele se desenvolve no estroma, tecido conjuntivo da mama, em contraste com os carcinomas, que desenvolvem-se nos ductos ou lobos;
• Angiosarcoma: Seu crescimento se dá sobre os vasos sanguíneos e/ou linfáticos. Ele pode surgir a partir de um tratamento radioterápico.

Há diversas classificações de câncer de mama. É importante ter em mente que é essencial a prevenção. Podemos realizar autoexames em casa mesmo, mas ir ao médico anualmente, a fim de realizar exames mais precisos é indispensável. Confira alguns sinais de que algo pode estar errado com a saúde da mama.

Opções de Exames

Segundo a Dra. Tamise da Silva Baptista, procurar profissionais capacitados, suporte de amigos e familiares e tratamento personalizado é o mais importante a fazer. Ainda de acordo com a especialista, o câncer de mama, assim como demais cânceres, tem características peculiares que se diferenciam na forma de manifestar-se em cada pessoa. Ela cita alguns exames que podem ser realizados a fim de entender a doença. São eles:

• Tomografias computadorizadas: é um exame não invasivo que combina equipamentos especiais de raios X com computadores programados para produzir imagens dos órgãos internos;
• Ressonância magnética: utilizada para determinar, com mais precisão, características tumorais, localização e extensão dos tumores na mama, indicada em alguns casos;
• Exames de sangue: através do exame de sangue é possível fazer uma avaliação indireta do organismo e podem ser dosados marcadores tumorais, que são substâncias produzidas pelas células tumorais, que em alguns tumores encontram-se elevados;
• Imuno-histoquímica: análise tumoral capaz de detectar moléculas-alvo para tratamento direcionado, por exemplo: receptores de estrogênio, progesterona e oncoproteína c-erbB-2/HER2, os quais direcionam para tratamentos como hormonioterapia ou terapia-alvo, respectivamente;
• PET CT (Tomografia Computadorizada por emissão de Pósitrons): o qual ajuda a definir locais possíveis da doença além da mama;
• Oncotype Dx: análise tumoral que avalia a biologia molecular do tumor e suas possibilidades terapêuticas, de uma forma geral, consegue definir se há necessidade ou não de quimioterapia.

Sinais de algo estranho

Os sinais e sintomas de câncer de mama podem variar. Muitas vezes os sintomas podem nem aparecer, desta forma, é importante que a mulher realize regularmente autoexames e conheça sua mama, assim, poderá perceber qualquer indício de algo diferente.

Alguns sinais mais comuns são:

• Nódulo único endurecido;
• Modificações na pele de uma parte da mama;
• Pele inchada e avermelhada;
• Inchaço de toda ou parte da mama;
• Inversão do mamilo;
• Sensação de massa ou nódulo em uma das mamas;
• Sensação de nódulo aumentado na axila;
• Secreção escura pelos mamilos;
• Dor na mama ou mamilo;
• Em estágios mais avançados, a mama pode abrir uma ferida.

É importante ressaltar que, nem sempre esses sinais serão sinônimos de câncer. Portanto, ao perceber qualquer um deles, procure um médico o mais rápido possível. Afinal, quanto mais cedo procurar uma solução, maiores as chances de obter sucesso no tratamento.

Diagnóstico

O câncer de mama pode ser sugerido por exames como mamografia, ressonância magnética, ecografia e outros exames de imagem. A coleta de tecido mamário, procedimento chamado biópsia, é imprescindível para o diagnóstico.

Após o diagnóstico, será realizado o estudo de imunohistoquímica e demais conforme se julgar necessário,a fim de entender a biologia tumoral. O tratamento é determinado conforme esses exames e as características do tumor.

Tratamento

Essa é a etapa que mais causa receio nas pessoas. O tratamento é feito após avaliar o tipo e estágio em que se encontra. O mesmo busca cura ou controle e doença e qualidade de vida para o paciente. Os tratamentos são classificados de duas formas:

Terapia local

• Cirurgia;
• Radioterapia.

Terapia sistêmica

• Quimioterapia;
• Terapia hormonal;
• Imunoterapia.

Mastectomia

Você pode estar se perguntando se é necessário em todos os casos retirar a mama. Segundo a Dra. Tamise da Silva Baptista, quando a doença é localizada, sempre é importante a avaliação cirúrgica que, por vezes, pode ser tratamento único ou acompanhada de demais terapêuticas como radioterapia, quimioterapia, terapia alvo e/ou medicação via oral.

Em casos de doença mais avançada, o objetivo do tratamento se dá no controle da doença com taxas de resposta e índices de sobrevida nunca vistos antes, graças a tratamentos mais personalizados e modernos.

O câncer de mama, apesar de todas as suas facetas, é uma doença alvo de inúmeras pesquisas clínicas, tanto em âmbito nacional, quanto internacional. Terapias cada vez mais específicas, (por exemplo, imunoterapia), em breve serão uma realidade brasileira neste cenário.

Assim, a conscientização acerca deste tema é crucial. Priorizar a vida vai além de prevenção e tratamento: é valorizar o estar vivo, buscar o que nos torna/faz melhor, independente dos sustos que a vida pode nos dar.

Fatores de risco

Fator de risco é algo que afeta sua chance de adquirir uma doença, variando conforme o tipo de câncer. O câncer de mama costuma ser o resultado de um conjunto de determinados fatores nos quais podem desencadear a doença. Alguns deles são:

• Idade: O risco aumenta com a idade. Grande parte dos diagnósticos são em mulheres a partir dos 45 e 55 anos;
• Genética: Aproximadamente 10% dos casos de câncer de mama são hereditários;
• Histórico familiar: O risco é maior para mulheres com parentes em primeiro grau que tiveram a doença;
• Menstruação precoce ou menopausa após os 55 anos: O risco pode ser devido ao tempo exposição ao estrogênio;
• Obesidade: O excesso de peso, principalmente após a menopausa, pode aumentar a fabricação de hormônios. Isso se deve pelo fato o tecido gorduroso ser maior e as enzimas converterem a gordura armazenada nas mamas em estrógeno;
• Ausência de gravidez: Durante a gravidez, no processo de amamentação, as glândulas mamárias são estimuladas, diminuindo a quantidade de hormônios (como o estrógeno).

Prevenção

Grande parte dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a prática de hábitos saudáveis, tais como:

• Realizar atividades físicas regularmente;
• Alimentar-se de forma saudável;
• Manter-se no peso corporal adequado;
• Evitar consumir bebidas alcoólicas;
• Amamentar.

O câncer de mama exige atenção e cuidado. Prevenir-se é um ato de amor e carinho consigo e e familiares. Cuide-se!

Sobre a entrevistada

A Dra. Tamise da Silva Baptista é médica especializada em Cancerologia Clínica e atende na Clínica Médica Viver, localizada no Centro de Florianópolis/SC (Rua Ângelo La Porta, 64).