Desenvolvimento Cognitivo: saiba o que é e como ajudar o seu filho

Entenda a importância do desenvolvimento cognitivo para as crianças e como estimular a cognição do seu filho com atividades e brincadeiras.

Mesmo com tantos momentos gratificantes, educar um filho é uma jornada repleta de desafios, sobretudo por conta da busca incessante pelo desenvolvimento pleno da criança. Em meio a erros e acertos, os pais se veem diante da responsabilidade única de moldar o futuro dos seus filhos, proporcionando muito mais do que apenas cuidados básicos, mas também fomentando um ambiente propício para o crescimento emocional e intelectual.

Nesse sentido, o desenvolvimento cognitivo da criança é a peça-chave na construção de uma base sólida para o aprendizado e compreensão do mundo, pois abrange as habilidades mentais que permitem processar informações, aprender, recordar e solucionar problemas. Esse é um aspecto vital que pais e educadores devem considerar ao enfrentar a jornada da educação infantil.

Afinal, desde a primeira infância, cada nova fase traz consigo novos desafios para que os pequenos se desenvolvam de modo pleno, de acordo com sua faixa etária. Contudo, à medida que a criança cresce, aspectos relacionados à educação evoluem. Assim, essa busca por um crescimento pleno passa pela compreensão das diferentes fases do desenvolvimento cognitivo, desde o estágio sensório-motor até o pensamento lógico e abstrato.

Mas a pressão para proporcionar um ambiente estimulante, que favoreça o desenvolvimento dos pequenos, muitas vezes se soma à preocupação cotidiana. Os pais se veem diante da necessidade de equilibrar o estímulo necessário sem sobrecarregar a criança. A busca por atividades que promovam a curiosidade, a experimentação e a interação social é constante, sendo essencial para cultivar um ambiente propício ao florescimento intelectual.

No entanto, cada criança é única, apresentando suas próprias características e ritmo de desenvolvimento. Desse modo, é importante observar que esta é uma jornada gradual que demanda paciência, observação e adaptação constante.

Neste artigo você vai entender que o desenvolvimento cognitivo não é linear, mas sim um processo dinâmico. E para ajudar nesta jornada, preparamos algumas dicas e sugestões para que os pais acompanhem cada etapa do desenvolvimento cognitivo dos pequenos e estimulem esse processo de aprendizagem.

Boa leitura!

O que é o Desenvolvimento Cognitivo?

O Desenvolvimento Cognitivo trata da evolução das habilidades mentais e intelectuais de uma criança ao longo do tempo. Isso inclui processos como:

• aprendizado;
• memória; 
• resolução de problemas;
• pensamento crítico;
• tomada de decisões. 

Durante os primeiros anos de vida, especialmente, o cérebro da criança está em constante formação, criando conexões neurais fundamentais que estabelecem as bases para o pensamento complexo futuro. É um processo dinâmico e contínuo, que é influenciado por uma variedade de fatores, incluindo estímulos ambientais, interações sociais e experiências educacionais. Esse processo passa por diferentes etapas, e você vai entender um pouco mais sobre cada uma delas a seguir.

Quais as etapas do desenvolvimento cognitivo?

De acordo com a Teoria do Desenvolvimento Mental de Jean Piaget, o desenvolvimento cognitivo de uma criança ocorre por assimilação e acomodação. E, conforme as fases de crescimento, o desenvolvimento cognitivo infantil vai passando por “capítulos” de uma jornada que molda a compreensão do mundo por parte das crianças. Essa jornada se divide em quatro momentos:

1. Sensório-motor (0 a 2 anos): conhecendo o mundo pelos sentidos

A fase sensório-motor é a primeira etapa do desenvolvimento cognitivo, e ocorre nos dois primeiros anos de vida do bebê. Nesse período, cada toque, visão e estímulo sensorial desencadeiam novas descobertas. A criança literalmente toca e sente o mundo ao seu redor, construindo as primeiras conexões neurais e desenvolvendo as bases essenciais para o entendimento futuro.

2. Pré-operatório (2 a 7 anos): da fala ao egocentrismo

A etapa pré-operatória, entre os 2 e 7 anos, marca o desenvolvimento da linguagem e da comunicação. Contudo, é também caracterizada pelo egocentrismo infantil, onde a criança começa a desejar exclusividade para si. A tendência ao isolamento e as dificuldades em compartilhar com coleguinhas são traços típicos dessa fase, reflexo do foco no “eu” em formação.

3. Operatório Concreto (7 a 11 anos): descobrindo o mundo e os porquês

Ao atingir os 7 anos, a criança entra na terceira fase do desenvolvimento cognitivo, chamada operatório concreto. Nesse período, ela passa a compreender seu papel no mundo. Surge uma curiosidade mais intensa, que se manifesta em uma enxurrada de perguntas incessantes, conhecida como a “fase dos porquês”. Nesse estágio, a criança não apenas explora como as coisas funcionam, mas também compreende as repercussões de suas ações.

4. Operatório Formal (11 anos em diante): pensamento lógico e complexidade

O operatório formal, último estágio do desenvolvimento cognitivo, inicia por volta dos 11 anos de idade. Nesta fase surgem as habilidades cognitivas mais complexas, transcendendo os questionamentos tradicionais. O pensamento lógico-dedutivo floresce, permitindo a formulação de hipóteses e a compreensão de conceitos mais subjetivos. É um estágio marcado pela capacidade de associar informações de maneira mais natural e elaborada.

Compreender essas fases é fundamental, pois possibilita a identificação do desenvolvimento cognitivo adequado à idade da criança. Se houver lacunas nesse processo, é importante procurar especialistas para orientações sobre as formas mais eficazes de estimular o desenvolvimento, garantindo que cada fase seja uma jornada rica em descobertas e aprendizado.

Por que o Desenvolvimento Cognitivo é tão importante?

O desenvolvimento cognitivo não se limita à mera absorção de conteúdo. Ele é uma peça fundamental em todas as fases do crescimento infantil. Além de facilitar a assimilação de informações, a cognição influencia no modo como a criança interage, decide e se relaciona com o mundo ao seu redor.

Assim, o desenvolvimento cognitivo pleno permite à criança processar informações de maneira eficaz, influenciando diretamente seu comportamento, padrões de aprendizado e dinâmicas sociais. Um exemplo claro dessa interação é observado na famosa “birra” dos dois anos, uma resposta característica ao estágio específico do desenvolvimento cognitivo. Conforme esse desenvolvimento evolui, a criança adquire maior controle sobre suas emoções e impulsos, moldando gradativamente suas reações.

A pré-adolescência, por sua vez, apresenta atos impulsivos que derivam do contínuo desenvolvimento do cérebro nessa fase. Ainda em processo de amadurecimento, o pré-adolescente pode manifestar dificuldades em controlar suas palavras e ações.

Contudo, o impacto do desenvolvimento cognitivo não se restringe apenas ao âmbito mental. Ele está ligado também a outras áreas do crescimento infantil, como o desenvolvimento motor, que avança simultaneamente à medida que a cognição se aprimora. 

A compreensão de relações de causa e efeito, como entender as consequências de ações simples, e o desenvolvimento da linguagem, ao compreender significados e construir frases, também estão intrinsecamente ligados ao desenvolvimento da cognição. Além disso, a capacidade de concentração, essencial para o aprendizado intencional, aumenta à medida que o desenvolvimento cognitivo evolui. 

Portanto, fica evidente que o desenvolvimento cognitivo é uma peça-chave no complexo quebra-cabeça do crescimento infantil, moldando a forma como as crianças aprendem, e também como elas interagem com o mundo ao seu redor.

O papel da escola e da família no desenvolvimento cognitivo da criança

A aprendizagem é um processo diretamente ligado à interação do indivíduo com o mundo, sendo influenciada significativamente pelas esferas sociais em que ele está inserido. Nesse sentido, a escola exerce uma função vital ao estimular o desenvolvimento cognitivo dos alunos, adaptando-se a cada estágio específico. 

O objetivo é moldar indivíduos capazes de explorar plenamente suas capacidades de assimilação, raciocínio lógico e resolução de problemas ao longo da vida. Dessa forma, todas as dinâmicas e metodologias escolares são cuidadosamente elaboradas para beneficiar e aprimorar as habilidades dos estudantes em todas as faixas etárias.

Entretanto, a responsabilidade de estimular o desenvolvimento cognitivo não se limita ao ambiente escolar. A família também exerce uma função direta e essencial nesse processo, contribuindo para a formação integral das crianças. Assim, a combinação eficaz da influência da escola e do suporte familiar cria um ambiente propício para o desenvolvimento cognitivo pleno, preparando os pequenos para desafios intelectuais ao longo de suas vidas.

Sugestões de brincadeiras para estimular o desenvolvimento cognitivo dos pequenos

Estimular o desenvolvimento cognitivo na infância pode ser tão simples quanto brincar. Através de atividades lúdicas, as crianças absorvem informações essenciais sobre o mundo que as cerca e desenvolvem habilidades cognitivas fundamentais. Aqui estão algumas sugestões de brincadeiras que potencializam esse processo e podem ser feitas em família:

Brincar ao ar livre

Estar em contato com a natureza e outras crianças é sempre uma experiência enriquecedora. Por isso, brincar ao ar livre sempre é a primeira opção para ajudar seu filho a desenvolver sua cognição plena. Atividades na rua, em parques, na praia ou qualquer lugar que seja fora das quatro paredes de casa ou da sala de aula fornece informações valiosas sobre socialização e o mundo ao redor, sendo uma abordagem prática e eficaz para aprender enquanto se diverte. Sempre que puder, leve seu filho para brincar ao ar livre!

Jogos de adivinhação

Brincadeiras simples como “o que é, o que é?” estimula o raciocínio lógico e a reunião de informações anteriores. Essa atividade desafia a criança a pensar de maneira estratégica para descobrir o que está sendo sugerido.

Jogos de tabuleiro e cartas

Chamar os pequenos para brincar com jogos de tabuleiro e cartas é uma forma de ensiná-los a praticar o raciocínio lógico na elaboração de estratégias. Essas atividades desafiam a mente da criança, incentivando-a a pensar de maneira crítica para alcançar seus objetivos.

Brincadeiras motoras

Atividades como “estátua” ou “vivo ou morto” não apenas proporcionam diversão, mas também estimulam o controle motor e emocional. Essas brincadeiras levam a criança a refletir sobre as consequências de suas ações, promovendo uma abordagem mais consciente.

Brincadeiras com ritmo

Ciranda, “adoleta” e “escravos de jó” também são formas de estimular o desenvolvimento cognitivo, pois trabalham a memória e a concentração. Coordenar movimentos conforme a música não apenas exercita a cognição, mas também promove a interação social.