A importância dos limites para o desenvolvimento infantil

Entenda qual o papel dos limites para o desenvolvimento infantil e como estabelecer regras que possam contribuir com o crescimento emocional da criança.

Criar filhos e acompanhar seu desenvolvimento implica em uma série de desafios. Todos os dias, mães e pais precisam tomar decisões que, muitas vezes, vão contra sua própria vontade, uma vez que precisam ser baseadas na razão e não apenas no amor incondicional que sentem. Aprender a dizer “não” para os filhos é uma delas, pois saber estabelecer limites é muito importante para o desenvolvimento infantil. 

Nesse sentido, cabe aos pais estabelecer as regras necessárias e ensinar as crianças a lidar com a frustração, que muitas vezes se traduz em raiva. 

Confira no artigo a importância de impor limites na infância, ação fundamental para o desenvolvimento psíquico e social dos pequenos.

O papel fundamental das regras para o desenvolvimento infantil

Ainda que possam atender os pedidos e desejos dos filhos, fazer todas as suas vontades não é visto como algo saudável. Afinal, no futuro, uma criança que não precisou lidar com regras e não recebeu negativas terá menos habilidade para lidar com questões práticas da vida, que muitas vezes impõe, por si própria, os nossos limites.

Nesse sentido, pais e mães precisam lidar com o fato de que impor regras não tem a ver com rigidez, mas que também é um ato de amor. Da mesma forma que criar uma rotina é positivo para a criança, fazer com que ela saiba até onde pode ir é fundamental. 

Quando uma criança entende que existem um limite para suas ações e que é preciso respeitar regras, mesmo dentro da sua própria casa, isso contribui para o seu autocontrole, que consequentemente será necessário para desenvolver segurança e autoconfiança no convívio social. Especialmente ao fazer parte de grupos maiores, como a escola e, futuramente, o ambiente de trabalho.

A importância do “não” e dos limites para o desenvolvimento infantil

É muito raro encontrar um pai ou uma mãe que não se cobram e não buscam proporcionar uma criação perfeita para os filhos. E diante dessa sensação de insuficiência, saber a hora de dizer “não” talvez seja o mais difícil. Ainda que tenham consciência da importância das regras e dos limites para o desenvolvimento infantil, colocar esse entendimento em prática pode não ser algo confortável. 

No entanto, o sentimento de culpa e de pena quando a criança demonstra sua tristeza ou raiva por não conseguir o que quer, acaba fazendo com que os pais sejam complacentes e permissivos em excesso. Como resultado, a criança se tornará desobediente em situações que exijam controle.

Portanto, dizer “não” e impor limites não significa ser mau ou agir com agressividade. A firmeza nas palavras, quando a situação exige controle, fará com que os pequenos compreendam a importância daquela ordem. Como por exemplo, numa situação perigosa em que a criança mexe em algo cortante, como uma faca de cozinha. Dizer que ela não pode fazer aquilo de modo firme e impositivo logo a fará entender que a ação representa perigo.

Outro ponto importante é não confundir limites com castigos, que tendem a piorar a situação, despertando agressividade. Ao contrário, se desde cedo a criança é levada a lidar com regras, os castigos jamais serão necessários.

As frustrações fazem parte do desenvolvimento infantil

Ao passo que há um papel importante nos limites para o desenvolvimento infantil, eles também trazem frustração para as crianças. E muitas vezes, por não saber lidar com esse sentimento, ao se sentir frustrada a criança sentirá raiva, desencadeando crises de choro ou a famosa “birra”.

Quando a cena acontece em público, a situação se torna complicada para os pais, que acabam cedendo. Esse tipo de atitude é prejudicial, pois faz com que os pequenos percebam que, para conseguir o que querem, devem repetir o comportamento.

Isso acontece porque uma criança não tem capacidade de lidar com suas emoções, pois isso é algo que se desenvolve gradativamente. Nesses momentos, elas precisam de um adulto para conduzir a situação e ajudar a controlar as emoções negativas como raiva, medo e tristeza. Portanto, lidar com as frustrações é algo que a criança vai precisar aprender desde cedo, e por isso também a importância dos limites para o desenvolvimento infantil.  

Inclusive, do ponto de vista da psicologia, a ideia que alguns pais e mães têm de que devem dar aos filhos tudo que não tiveram, pode ser um tanto equivocada. Ao agradar a criança a todo momento, dando presentes, os alimentos preferidos fora de hora e fazendo suas vontades, estão evitando que ela lide com a falta, que surgirá em vários momentos ao longo da vida.

O resultado: uma pessoa despreparada para lidar com perdas e frustrações, que sofrerá muito na fase adulta por falta de compreensão da realidade. Inclusive, por não possuir habilidade de lidar com a falta, alguns jovens acabam desenvolvendo dependência de drogas, na busca por preencher um vazio. Pode parecer algo extremo, mas que infelizmente é bastante comum.

Nesse sentido, é válido pensar que quando se estabelece limites e se diz “não” aos filhos, não há nada sendo tirado deles. Ao contrário, estão recebendo o cuidado e o preparo para uma vida mais plena, segura e equilibrada.

Cuidar do desenvolvimento infantil implica em estabelecer limites

Estabelecer rotinas desde a primeira infância é uma forma de impor limites naturalmente. Desse modo, a família pode se organizar com os horários das refeições, dos passeios, das brincadeiras, do banho, e assim os pequenos vão entendendo que existem regras a serem cumpridas.

Portanto, quando falamos sobre os limites para o desenvolvimento infantil, não significa agir com rigor ou punição diante de maus comportamentos. O cuidado com o crescimento das crianças parte do princípio de que elas precisam lidar com situações reais desde cedo. E a realidade, por mais difícil que nos pareça, é que não se pode ter e nem fazer tudo que queremos, não é mesmo?

Por isso, quando uma criança aprende a ter rotina, acaba reconhecendo os limites e lidando bem com as regras dentro e fora de casa. 

Veja a seguir algumas dicas para aplicar limites na criação do seu filho:

3 dicas de como estabelecer regras e limites

A disciplina necessária para cumprir nossas demandas é desenvolvida através dos limites que recebemos na infância. Contudo, é comum ter dúvidas sobre como estabelecer regras sem criar conflitos. A verdade é que não é uma receita de bolo, e tudo depende muito de como é a relação familiar. Mas, com certeza, é preciso agir com tranquilidade, de modo afetuoso, porém firme, sem perder autoridade.

A seguir, listamos 3 dicas que podem ajudar nessa tarefa:

Dica 1 – Estabeleça horários para as principais atividades do dia

Uma rotina saudável deve contar com algumas regras e limites para o desenvolvimento infantil. Por isso é importante estabelecer horários e normas como:

• fazer as refeições sempre à mesa no horário certo;
• tomar banho diariamente;
• não ultrapassar um horário limite para se deitar;
• lavar o próprio prato depois do lanche, etc.

Obviamente, cada família conta com uma rotina diferente. Algumas crianças estudam em horário integral e só estão em casa à noite, outras são cuidadas pelos avós. Mas é fundamental que, dentro de cada situação, sejam definidas regras básicas, de cumprimento obrigatório.

Dica 2 – Explique a situação com calma, na base na conversa

Sempre que for negar algum pedido ou impor um limite à criança, lembre-se de que isso não precisa ser feito com rispidez. Mostrar que está bravo ou com raiva não fará com que a criança obedeça por respeito à sua autoridade, mas por medo. 

Portanto, utilize uma linguagem afetuosa, embora firme, e converse tentando explicar a situação quando for necessário. Faça combinados, se certificando de que seu filho compreendeu aquilo, e deixe claras as consequências do descumprimento da regra.

Dica 3 – Crie regras que permitam alguma liberdade

Deixar que seu filho faça o que quer sem limites não é algo saudável, mas alguma liberdade dentro da regra estabelecida pode ajudar os pequenos a lidar com os limites. Portanto, se mostre flexível sem perder sua autoridade. Por exemplo, você pode deixar que a criança escolha a ordem das tarefas que precisa cumprir, ou que escolha entre algumas possibilidades. 

À medida que seu filho cresce, aumentam as responsabilidades, mas também pode aumentar a flexibilidade, fazendo com que ele desenvolva sua autonomia.